- Eu não falo com Ronaldo

Até que ponto as nossas escolhas refletem o que somos?
Elas mostram os que concordamos, o que compartilhamos, o que não aceitamos.
Mas elas podem dizer o que somos?

a) - Tenho minhas opiniões muito bem formadas, e não me perturbo com os questionamentos sobre elas. Não concordo, entendo por que não concordo, e isso é o que sou. O meio termo é morno, agridoce. Desce indigesto. Sempre tem um ar de fraqueza.

b) - Eu moldo minhas atitudes nas diversas situações. Eu não serei branco, quando precisarem de um azul. Eu não serei calmo, quando precisarem de ação. Eu não serei passivo, quando precisarem da minha voz ativa. Mas mesmo assim, ainda serei branco, calmo e passivo.

c) - Eu não vou, sou levado. Não por inércia, mas por opção. Não vou nadar contra a corrente. Ela leva até o mar. E tudo sempre acaba lá, não importa o caminho que você percorreu.

d) - Quero ter histórias pra contar, livros pra escrever, filhos pra criar e árvores para ver florescer. Quero lembrar dos encontros mágicos da vida, quero pensar que não foi em vão. Quero que a fome que mata milhões de brasileiros não tenha a mínima importancia. Eu quero ser egoísta acima de tudo. E sem culpa.

e) - Eu sou deplorável, não faço o que penso. E não concordo com o que pratico. Mas faço por que é de mim, não posso ser diferente. Não gosto do meu nome, do meu signo, do meu cabelo. Detesto o olhar seguro dos mais velhos, e a pureza do olhar de uma criança é irritante.


E agora, José?
tenho medo do ser humano, muito medo.

ps¹: Pessoas diferentes, observadas pelo meu [falho] ponto de vista. Inclusive eu.
ps²: Acabei de voltar de Bonito, sempre volto pensativa.
ps³: E não sou eu que não falo com o Ronaldo.

bjosmeligagatz ;*